A reflorestar o bosque poético.
Mantenham-se ligados!
Obrigado.

Feedback

Para mim é muito importante conhecer a vossa opinião sobre os conteúdos e formatos deste blog.
Por favor deixem as vossas criticas e sugestões.
Todos vós, leitores, fazem tão parte deste mundo como as palavras nele escritas.

Obrigado.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Estórias

Chamavam-lhe "Menina",
os navegantes,
quando chegavam errantes,
plenos de rum e de sal.
Sabiam-na lá
e conheciam o seu mal:
não saber dizer não.

Mil homens passaram
outros tantos a amaram
jamais deixando lembrança
Vindo da tormenta
nenhum homem aguenta,
chegada a bonança.

Procuravam o gozo,
a paixão,
trocando o seu não
por um punhado de estórias
e ela vivia as suas glórias
bem lá no mar.

Chegavam em romaria
e todo o marinheiro queria
a "Menina" encontrar.
Todos sabiam seu perfume
conheciam o seu lume
e adoravam se queimar.

Mil leitos passados,
incontáveis beijos dados
Em mil horas de prazer.

As estórias não fazem vidas
e todo o ser busca
até se encontrar.
Quantos se perdem no caminho
quando a busca é o destino
e nada há além do mar.

Encontraram-na no Tejo,
braços estendidos ao seu amor.

Estórias:
outrora brilhos em seu olhar
eram agora seu corpo hirto,
lutando por boiar.

















(Imagem Andy Higgs - All at Sea)

domingo, 9 de março de 2008

Ter

Tão imundo,
sujo e pestilento,
como um cão largado ao relento.
Abandonado e triste
mas sem choro,
sem queixume.
Encontrou no lixo o seu perfume.

A lástima fica aos fracos
como a dor do nunca ser.
Aos outros cabe a vontade:
a virtude de não ceder.

Na palavra já sem vida,
mecânica e sem expressão,
nas vozes que se calam,
não apelam mais à razão.
Em pessoas sem passos,
sem trilho a percorrer;
em feridas que doem,
que sangram sem saber.

Entrou pela porta dos fundos.
Encontrou neste, outros mundos
e fez deles a sua casa.

O corpo hirto,
feito de fome e de frio
faz da vida um mito,
em busca de desafio.

Aos que nunca viram
e não sabem o que é sofrer
diz que o corpo não doi,
quando nada há a perder.

Nesta vida terrena
o sofrimento é seu irmão.
Por mais que o corpo doa
não lhe deixa recordação.
O seu mal é o vazio
que lhe preenche o coração.
É o que morre de fome.
É o que treme de frio

É o que não encontra amparo
na vontade de vencer,
por mais que por ele se lute
mais ele nos vai doer.

"Ninguém vive sem palavras,
sem emoções ou sem alimentos.
Ninguém vive sem falar,
sem acções ou sentimentos."

domingo, 2 de março de 2008

Último Suspiro

Arte Urbana.
Poesia Sonora.
Uma Página de História.
Brilhante.


"
Estás a sentir
Uma página de história
Um pedaço da tua glória
Que vai passar breve memória
Tamos no pico do verão mas chove
Por todo o lado
Levo uma de cada
Já estou bem aviado
Cuspo directo no caderno
Rimas saídas do inferno
Que passei à tua pala
Num tempo que pareceu eterno
Estou de cara lavada
Tenho a casa arrumada
Lembrança apagada
De uma vida quase lixada

Passeio na praia
Atacado pelos clones
São tantos e iguais
Sem contar com os silicones
Olho para o céu
Mas toda a gente foi de férias
Apetece-me gritar
Até rebentar as artérias

(Respiro fundo)
E lembro-me da força
(Que guardo dentro do meu corpo)
Espero que ela ouça

Todo o amor deste mundo
Perdido num segundo
Todo o riso transformado
Num olhar apagado
Toda a fúria de viver
Afastada do meu ser
Até que um dia acordei
E vi que estava a perder
Toda a força que cresceu
Na vida que Deus me deu
Uma vontade de gritar bem alto:
O meu amor morreu
Todo o mundo há-de ouvir
Todo o mundo há-de sentir
Tenho a força de mil homens
Para o que há de vir

Flashback instantâneo
Prazer momentâneo
Penso em ti até
Que bate duro
No meu crânio
Toda a dor
Toda a raiva
Todo o ciúme
Toda a luta
Toda a mágoa e pesar
Toda a lágrima enxuta
Alieno como posso
Não posso encher a cabeça
Não há dinheiro
Nem vontade
Ou amor que o mereça
Não vou pensar de novo,
Vou-me pôr novo
Neste dia novo
Estreio um coração novo
Visto-me de branco
Bem alegre no meu luto
Saio para a rua
Mais contente que um puto
Acredita que custou
Mas finalmente passou
No final do dia
Foi só isto que restou

(Respiro fundo)
E lembro-me da força
(Que guardo dentro do meu corpo)
Espero que ela ouça

Todo o amor deste mundo
Perdido num segundo
Todo o riso transformado
Num olhar apagado
Toda a fúria de viver
Afastada do meu ser
Até que um dia acordei
E vi que estava a perder
Toda a força que cresceu
Na vida que deus me deu
Uma vontade de gritar bem alto:
O meu amor morreu.
Todo o mundo há-de ouvir
Todo o mundo há-de sentir
Tenho a força de mil homens
Para o que há de vir
Vai haver um outro alguém
Que me ame e trate bem
Vai haver um outro alguém
Que me ouça também
Vai haver um outro alguém
Que faça valer a pena
Vai haver um outro alguém
Que me cante este poema
"