A reflorestar o bosque poético.
Mantenham-se ligados!
Obrigado.

Feedback

Para mim é muito importante conhecer a vossa opinião sobre os conteúdos e formatos deste blog.
Por favor deixem as vossas criticas e sugestões.
Todos vós, leitores, fazem tão parte deste mundo como as palavras nele escritas.

Obrigado.

domingo, 9 de março de 2008

Ter

Tão imundo,
sujo e pestilento,
como um cão largado ao relento.
Abandonado e triste
mas sem choro,
sem queixume.
Encontrou no lixo o seu perfume.

A lástima fica aos fracos
como a dor do nunca ser.
Aos outros cabe a vontade:
a virtude de não ceder.

Na palavra já sem vida,
mecânica e sem expressão,
nas vozes que se calam,
não apelam mais à razão.
Em pessoas sem passos,
sem trilho a percorrer;
em feridas que doem,
que sangram sem saber.

Entrou pela porta dos fundos.
Encontrou neste, outros mundos
e fez deles a sua casa.

O corpo hirto,
feito de fome e de frio
faz da vida um mito,
em busca de desafio.

Aos que nunca viram
e não sabem o que é sofrer
diz que o corpo não doi,
quando nada há a perder.

Nesta vida terrena
o sofrimento é seu irmão.
Por mais que o corpo doa
não lhe deixa recordação.
O seu mal é o vazio
que lhe preenche o coração.
É o que morre de fome.
É o que treme de frio

É o que não encontra amparo
na vontade de vencer,
por mais que por ele se lute
mais ele nos vai doer.

"Ninguém vive sem palavras,
sem emoções ou sem alimentos.
Ninguém vive sem falar,
sem acções ou sentimentos."

Sem comentários: